sábado, 1 de março de 2014

Teoria Musical Nível ( 3 )

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Acordes Invertidos

Os acordes invertidos são utilizados pelos músicos para criar diferentes sonoridades nas suas progressões de acordes, para tornar a sua música mais interessante. Um acorde invertido significa simplesmente que a ordem das notas de determinado acorde é trocada.

Tríades Invertidas

Podemos criar duas inversões nas tríades. Vamos utilizar o acorde de Dó maior para os nossos exemplos. Consideremos a sua posição de raiz, com a tônica + 3ª + 5ª:
Dó maior

Esta é a forma normal de Dó maior, com a tônica como nota mais grave e a 5ª como nota mais aguda. Na primeira inversão movemos a tônica para o topo do acorde, uma oitava acima do sitio original:
Primeira inversão de Dó maior:
Primeira inversão Dó maior

Ambos os acordes têm as mesmas notas, ambos são Dó maior, no entanto a ordem das notas não é a mesma, neste caso da primeira inversão temos a fórmula (3, 5, 1), ou seja a terça maior, a quinta justa e por fim a tônica. Agora vamos ver a outra possibilidade de inversão para a tríade de Dó maior.
Segunda inversão de Dó maior:
2º Inversão de Dó maior

Nesta segunda inversão procedemos da mesma forma, subimos a nota mais grave uma oitava, que era o Mi na primeira inversão, ficando assim a nota Sol como nota mais grave. Temos assim a fórmula (5,1,3). Se fízessemos de novo este procedimento para uma terceira inversão teríamos o acorde na posição de raiz mas uma oitava acima, sendo assim as tríades só têm duas inversões. Agora vamos ver uma progressão de acordes em Dó maior, uma com todos os acordes na sua posição de raiz e depois uma com algumas inversões para se entender como a sonoridade muda:
Progressão de acordes maior

Agora iremos utilizar a primeira inversão nos acordes de Dó maior e a segunda inversão no acorde de Sol maior:
Progressão de acordes maior

Graças às inversões nos acordes, mantivemos as notas entre acordes mais próximas umas das outras o que resulta numa transição mais suave entre acordes, isto pode ser ou não interessante dependendo claro do objetivo de quem compõe.

Acordes de sétima invertidos

Podemos inverter qualquer tipo de acorde, vamos agora exemplificar com as sétimas, no entanto o procedimento pode ser feito com nonas, 11ª, etc. Vejamos então as inversões possíveis:
Inversão de acordes com sétima
Como agora temos uma nota a mais que nas tríades, também temos possibilidades para mais uma inversão. Repare que toda a lógica é igual, no entanto agora temos uma sétima no acorde.
Então para inverter acordes basta ir subindo uma oitava à nota mais grave, a ordem com que fará isso direi-lhe-á se a inversão é a primeira, segunda, etc. Experimente tocar vários acordes e utilizar todas as inversões possíveis para assim conseguir perceber o som que mais lhe agrada.

Circulo de Quintas

Como já vimos até aqui, cada escala musical tem o seu conjunto de acidentes musicais. Já vimos como encontrar escalas maiores ou menores através da sequência de tons e semitons, mas existe uma ferramenta poderosíssima nas mãos dos músicos para sabermos exatamente as notas de qualquer escala maior ou menor natural. Esta ferramenta chama-se círculo de quintas.

Círculo de quintas

O circulo de quintas mostra a relação entre as 12 notas da escala cromática, as armaduras de clave correspondentes a cada escala, e as escalas menores relativas das escalas maiores. De uma forma mais simples, o circulo de quintas é um diagrama que serve para encontrar as notas de qualquer escala, transpôr músicas para diferentes tonalidades, compôr e entender as armaduras de clave, escalas e modos.
O diagrama, como o nome indica, consiste num círculo. Esse circulo tem à sua volta todas as 12 notas da escala cromática. Os números no circulo de quintas mostram quantos sustenidos ou bemóis existem na armadura de clave da escala dessa posição.
Circulo de Quintas
Se contarmos na direção do ponteiro do relógio sabemos os sustenidos que determinada escala maior contém, se contarmos na direção oposta sabemos os bemóis que determinada escala tem. O nome quinta deriva do facto de que a cada passo que damos no nosso "relógio" a nota é o quinto grau da nota anterior. Repare que começamos na nota Dó na posição zero. A nota seguinte é Sol, que corresponde ao quinto grau de Dó.
Imaginemos que queremos saber as quais os sustenidos que existem na escala de Lá maior contem. Olhando para o circulo vemos que Lá está na posição 3 o que significa que a escala de Lá maior tem 3 sustenidos. Mas quais? A ordem em que os sustenidos aparecem é sempre igual, sendo essa ordem:
# Fá Dó Sol Ré Lá Mi Si
Mais uma vez esta ordem é uma sucessão de quintas. Dó é o quinto grau de Fá, Sol o quinto grau de Dó e assim sucessivamente. Então sabendo isto já podemos saber exatamente as três notas sustenidas da escala de Lá maior. Sendo que a escala tem 3 sustenidos então basta contarmos as três primeiras notas da ordem em cima:
Fá Dó Sol Ré Lá Mi Si.
Então utilizando o circulo de quintas sabemos que a escala de Lá maior tem as notas Lá Si Dó# Ré Mi Fá# Sol# Lá . Agora imaginemos que queremos saber as notas da escala de Fá maior. Só é possível ter até 7 sustenidos ou bemóis numa escala maior. Se olharmos para o circulo, e percorrendo o mesmo pela ordem dos ponteiros do relógio vemos que Fá está na 11ª posição, de forma que teremos de contar na direção contrária, o que automaticamente significa que a escala de Fá maior tem bemóis e não sustenidos. Sendo assim Fá está no número 1, isto quer dizer que a escala de Fá maior tem um bemol. A ordem pela qual os bemóis são colocados é a seguinte:
b Si Mi Lá Ré Sol Dó Fá
Podemos ver que agora começamos em Si, e todas as notas são o quarto grau da nota anterior, da mesma forma que se olhar para o circulo e andar na orientação contra-relógio, irá andar de quarta em quarta. Então continuando no exemplo de Fá maior, se temos um bemol este será:
Si Fá Mi Ré Sol Dó Fá
Então através do circulo de quintas sabemos que a escala de Fá maior tem as seguintes notas: Fá Sol Lá Síb Dó Ré Mi Fá. Então já sabemos como utilizar o circulo de quintas para saber os sustenidos ou bemóis de qualquer escala maior, mas onde entram as escala menores naturais no circulo de quintas?
Circulo de Quintas

Repare nesta imagem mais completa do circulo de quintas. Pode reparar que além das notas do lado de fora agora também tem notas na parte interior do circulo com um "m" indicando menor. Estas são as escalas menores naturais. O processo é exatamente o mesmo para saber os sustenidos ou bemóis das escalas menores naturais, a única diferença é que nas escalas menores naturais é o Lá que está na posição 0, isto significa que a escala de Dó maior e de Lá menor natural partilham a mesma armadura de clave, neste caso sem nenhum acidente musical.
A isto chamamos escalas relativas, no caso dizemos que a escala de Lá menor é a menor relativa de Dó maior. Ou a escala de Dó maior é a maior relativa de Lá menor, assim como Mi menor é a menor relativa de Sol maior, etc. Sendo assim basta saber as notas da escala maior e saber qual a menor relativa dessa escala para saber as notas de qualquer escala menor natural. Copie esta imagem e imprima, fique sempre com uma imagem do diagrama para poder aceder facilmente quando precisar

Harmonizar escalas musicais

 
Para começarmos esta aula é necessário que já conheça o conceitos de escalas e acordes. Para começarmos vamos saber: -O que significa harmonizar uma escala? Como o nome já indica "harmonizar" vem de criar uma harmonia. Na aula sobre escalas vimos que uma escala é um conjunto de notas musicais, quando escolhemos uma tonalidade significa que vamos trabalhar com as notas que estão nessa escala. Quando toca uma melodia numa escala, essa melodia estará em harmonia com a escala de forma que se tocar uma nota fora da escala ela chocará e causará um efeito não harmonioso.
Além da melodia, temos os acordes, que são como o pilar da melodia. Estes acordes têm de estar de acordo com o que estamos a tocar, ou seja têm de estar em harmonia com o que estamos a tocar, caso contrário iremos ter um choque de notas que em regra geral terá um som desagradável, conflituoso. Harmonizar uma escala então significa que além das notas, analisamos os acordes que podemos utilizar numa tonalidade. Ao harmonizar uma escala terá nas suas mãos os acordes pertencentes ao campo harmônico escolhido e a partir daí pode partir para a criação. É obrigatório harmonizar uma escala antes de compôr? Não. É muito mais benéfico? Sem dúvida.
Podemos fazer uma analogia, imagine que tem de consertar um aparelho. Só algumas ferramentas é que conseguem encaixar nesse aparelho, você pode tentar todas aleatoriamente, ou então selecionar aquelas que fazem parte do aparelho e depois utilizá-las porque já sabe que funcionam. Assim acontece com a música.
Então vamos lá harmonizar uma escala musical. Em primeiro lugar precisamos, como é óbvio, de uma escala. Vamos escolher por exemplo Sol maior.

Harmonizar a escala de Sol maior

O primeiro par as notas de uma escala musical pode ver a nossa aula anterior circulo de quintas. A escala de Sol maior tem as seguintes notas é saber as notas da escala de Sol maior. Se ainda não saber como encontra:

SolSiMiFá#Sol
 
Agora vamos extrair os acordes possíveis nesta escala. Primeiro vamos tirar as tríades e depois veremos os acordes com sétimas noutro artigo para este não ficar demasiado extenso. Para isto deverá saber já os conceitos de tríades maiores, menores, etc. Para isso veja a nossa aula sobre acordes. Para isto utilizamos uma técnica simples, selecionamos uma nota e saltamos uma. Veja no exemplo a seguir:

SolSiMiFá#Sol

Primeira nota temos o Sol, saltamos uma e temos o Si, saltamos outra e temos o Ré, então o nosso primeiro acorde tem as seguintes notas:
Sol, Si, Ré - Estas notas compõem a tríade de Sol maior. Repetimos o mesmo processo com as restantes notas da escala. Com a seguinte tabela é bastante fácil harmonizar uma escala. Escreva as notas da escala na primeira linha e na primeira coluna. Depois em cada linha utilize a técnica de saltar uma nota, assim:

SolSiMiFá#Sol
SiMi   
SiMiFá#   
MiFá#Sol   
MiFá#Sol   
MiFá#SolSi   
Fá#SolSi   

Então, chegamos à conclusão que a escala de Sol maior tem as seguintes tríades:
  • Sol, Si, Ré - Sol maior;
  • Lá, Dó, Mi - Lá menor;
  • Si, Ré, Fá# - Si menor;
  • Dó, Mi, Sol - Dó maior;
  • Ré, Fá#, Lá - Ré maior;
  • Mi, Sol, Si - Mi menor;
  • Fá#, Lá, Dó - Fá# diminuto;
Agora já sabemos o principal, os acordes da escala de Sol maior. Sabendo isto já pode sair a compor qualquer progressão de acordes. Se decidir compôr uma música em Sol maior já sabe os acordes que deve tocar, pode experimentar misturá-los até achar uma progressão que lhe agrade. Mas para a nossa harmonização de escala ficar mais completa vamos ver qual acorde é o quê. Já vimos na nossa aula graus da escala que cada nota da escala recebe uma numeração e um nome (tônica, dominante, etc), assim acontece com os acordes, neste caso:
  1. Acorde Tônico - Sol maior;
  2. Acorde Sobretônico - Lá menor;
  3. Acorde Mediante - Si menor;
  4. Acorde Subdominante - Dó maior;
  5. Acorde Dominante - Ré maior;
  6. Acorde Sobredominante - Mi menor;
  7. Acorde Sensível - Fá# diminuto;
Como já vimos também numeramos os graus da escala com numeração romana (I, II, III, IV, V...), no caso dos acordes a numeração pode indicar se o acorde desse grau é maior, menor, diminuto ou aumentado da seguinte forma:
Para acordes maiores utilizamos a numeração em maiúsculas, por exemplo neste caso o primeiro grau é Sol maior, então temos um I em maiúscula. O segundo grau é menor então utilizamos a numeração minúscula, neste caso ii. O nosso sétimo grau é diminuto, a numeração para os acordes diminutos consiste na letra em minúscula com uma bolinha, viiº. Já os acordes aumentados que não temos nesta escala possuem a letra maiúscula com um "+". Imaginemos o quinto acorde aumentado: V+.
Qual a importância de saber isto? Extrema!! Imagine que um músico lhe diz, e isto costuma acontecer desta forma, para tocar uma progressão I, IV, V em Sol maior. Sabendo os acordes de Sol maior basta ver quais correspondem, neste caso:
I = Sol maior;
IV = Dó maior;
V = Ré maior;
 
É muito importante habituar-se a este tipo de linguagem no mundo musical. E depois de se habituar verá que não era tão difícil quanto parece no inicio. Esta é uma forma de harmonizar uma escala, com o progresso irá desenvolver outras formas mais avançadas de harmonizar um escala.

Harmonizar escalas musicais com sétimas

 
 
Já vimos como harmonizar uma escala musical, extraindo apenas as tríades. Nesta aula vamos dar continuação à mesma aula vendo como harmonizar uma escala extraindo as tétrades, acordes com 4 notas, neste caso as sétimas. Utilizaremos de novo a escala de Sol maior, o método que iremos utilizar para harmonizarmos a escala é exatamente o mesmo que utilizamos para as tríades mas agora extraímos o sétimo grau de cada acorde também.
Como já sabe para esta aula é essencial que já esteja familiarizado com a escalas musicais e os acordes com sétima.

Harmonizar a escala de Sol maior

Para começarmos vamos relembrar as notas da escala de Sol maior. Se ainda não sabe como encontrar as notas de uma escala musical pode ver os dois métodos em aulas anteriores, em escalas maiores e no circulo de quintas:

SolSiMiFá#Sol

Agora criaremos uma tabela como fizemos na outra aula sobre harmonizar escalas, colocaremos a escala na primeira linha e na primeira coluna, e extrairemos a tônica, a terça, a quinta e a sétima de cada grau na escala:

ISolSiMiFá#Sol
IISiMiFá#Sol
IIISiMiFá#SolSi
IVMiFá#SolSi
VMiFá#SolSi
VIMiFá#SolSiMi
VIIFá#SolSiMiFá#
ISolSiMiFá#Sol

Para saber definir os acordes é importante saber os intervalos. Então temos os seguintes acordes:
 
I = Sol, Si, Ré, Fá#: Tríade maior com uma sétima maior;
II = Lá, Dó, Mi, Sol: Tríade menor com sétima menor;
III = Si, Ré, Fá#, Lá: Tríade menor com sétima menor;
IV = Dó, Mi, Sol, Si: Tríade maior com sétima maior;
V = Ré, Fá#, Lá, Dó: Tríade maior com sétima menor;
VI= Mi, Sol, Si, Ré: Tríade menor com sétima menor;
VII= Fá#, Si, Ré, Fá#: Tríade diminuta com sétima menor; 
 
Então depois de harmonizarmos a escala de Sol maior temos os acordes:
 
I = Sol com sétima maior (Gmaj7);
II = Lá com sétima menor (Amin7);
III = Si com sétima menor (Bmin7);
IV = Dó com sétima maior (Cmaj7);
V = Ré maior com sétima dominante (D7);
VI = Mi com sétima menor (Emin7);
VII = Fá# com sétima meio diminuta (F#m7dim);
 
Agora sabe os acordes com sétima do campo harmônico de Sol maior. A partir de agora é muito mais fácil harmonizar uma escala maior. Basta saber as notas da escala maior que quer harmonizar, e todos os acordes de uma escala maior seguem a mesma fórmula, igual à que vimos em cima, veja cada grau de uma escala maior é sempre:
 
I - Tríade maior com uma sétima maior;
II - Tríade menor com sétima menor;
III - Tríade menor com sétima menor;
IV - Tríade maior com sétima maior;
V - Tríade maior com sétima menor;
VI - Tríade menor com sétima menor;
VII - Tríade diminuta com sétima menor;

Progressão de acordes: Função do acordes

 
 
Até aqui no nosso curso de teoria musical já estudamos, escalas maiores, escalas menores, acordes, harmonizar escalas musicais, mas ainda não vimos o que fazer com os acordes que extraímos no processo. Por vezes quem estuda teoria musical desanima-se pois não percebe o sentido na prática deste processo todo, no fim o que todos queremos ao estudar teoria musical é fazer música. De uma forma muito simples podemos explicar o papel de cada um destes processos na criação musical:
 
- As notas criam escalas;
- As escalas criam acordes;
- Os acordes criam progressões;
- As progressões criam a música;
 
Claro que a progressão de acordes não é tudo numa música, mas junto com o ritmo é o pilar que irá sustentar toda a estrutura musical, e mais, a própria progressão de acordes pode indicar-nos o caminho na criação dos outros elementos como melodias, solos, etc. Na música (na boa música) existe constantemente uma criação e uma libertação de tensão. Este processo de criação e libertação de tensão é feito através das progressões de acordes. Uma forma de conseguir criar este processo na sua própria música é seguir algumas "regras" já utilizadas à centenas de anos. Como sabe não existem regras no sentido literal na música, no entanto, com o passar de muitos e muitos anos na música, existe algum consenso entre os grandes músicos quanto a progressões de acordes que de facto funcionam melhor que outras. Com o passar do tempo este consenso pode ser utilizado como "regra", não no sentido literal mas é uma ótima ajuda.
De seguida vamos ver como os acordes se costumam mover, de forma a que devam soar bem. Como já sabe isto não é uma regra, quando você compôr pode ir para qualquer acorde, no entanto vale experimentar estas "regras" e quem sabe lhe surja alguma ideia nova no processo. Os acordes estão escritos em numeração romana como já vimos. Se no caso aparecer um "I" significa que temos o primeiro acorde maior de uma escala, se utilizar a escala de Lá, então "I" refere-se ao acorde de Lá maior, se fosse "i" então seria Lá menor.

Regras para progressões de acordes em tons Maiores

Acorde:Destino:
IVai para qualquer acorde
iiI, V ou viiº
iiiI, ii, IV, ou vi
IVI, ii, iii, V, ou viiº
VI ou vi
viI, ii, iii, IV, ou V
viiºI ou iii

Então vamos lá fazer esta experiência na prática. Imaginemos que decidimos criar a nossa música em Sol maior. Começamos com o acorde I, ou seja Sol maior e escolhemos ir para vi, ou seja Mi menor. O grau vi indica que podemos ir para I, ii, iii, IV, ou V. Escolho iii (si menor), grau esse que nos indica que podemos ir para I, ii, IV, ou vi. Opto por IV (Dó maior) e de seguida opto pelo V (Ré maior) por fim volto para I:

Progressão de acordes em tom maior


Esta foi a progressão que fizemos no exemplo em cima utilizando as regras da tabela anterior. Alguns acordes estão invertidos.
Depois de ouvir o exemplo pode notar que quando voltamos ao acorde de Sol maior no fim, parecia que a música pedia que fosse este o acorde. Isto acontece devido ao acorde de Ré maior, que no caso da escala de Sol maior é o V grau. O quinto acorde da escala maior chama-se acorde dominante, e a principal característica deste acorde é a sua instabilidade dentro da escala. Quando toca o quinto acorde numa escala maior este "pede" para que se resolva a tensão, e o acorde mais estável de uma escala é o primeiro acorde. Portanto a opção mais simples é utilizar o acorde I para libertar a tensão do acorde dominante. Isto dá a sensação de resolução que o ouvinte espera na música. Entramos no mundo das cadencias que veremos na próxima aula.
Assim como as regras para tons maiores temos as regras para os tons menores. Quando trabalhamos uma música num tom menor, o leque de acordes é maior, porque podemos utilizar os acordes da escala menor natural, menor harmônica e menor melódica.

Regras para progressões de acordes em tons Menores

Acorde:Destino:
iVai para qualquer acorde
iiº ou iii, iii, V, v, viiº ou VII
III ou III+i, iv, IV, VI, #viº, viiº ou VI
iv ou IVi, V, v, viiº ou VII
V ou vi, VI ou #viº
VI ou #viºi, III, III+, iv, IV, V, v, viiº ou VII
viiº ou VIIi

Então tomando esta tabela como guia vamos inventar mais uma progressão de acordes agora em tom menor. Utilizaremos a escala de Lá menor:

Progressão de acordes em tom menor


Basta analisar a progressão para ver que segue as regras da tabela em cima. A tonalidade menor confere à progressão uma sonoridade muito mais sombria bem perceptível. Nesta progressão são utilizados acordes da escala menor natural e da menor harmônica. O grau dominante continua a criar a tensão para que a música se resolva no grau i. Agora pode pegar no seu instrumento e baseado nestas tabelas criar as suas progressões de acordes, não se esqueça que isto não são bem regras, são mais uma ajuda.

Cadências

 
Uma parte importante no processo de fazer a sua música "respirar" é o uso de cadências, o retorno para o acorde I/i vindo do acorde V ou iv. Quanto mais tempo levar a chegar a este ponto da cadência, mais tensão acumulará na sua música. As cadências na música servem para terminar uma *frase musical ou uma música inteira.
 
*Frase Musical - Uma frase musical é uma linha melódica/rítmica com inicio meio e fim. Uma melodia consiste em uma ou várias frases musicais, assim como os solos. Imagine uma música como um texto, o texto tem várias frases que o compõem assim como na música existem frases musicais que compõem toda a canção.
 
Uma frase musical pode chegar ao fim simplesmente parando, mas claro se a posição em que parou não fizer sentido para o ouvinte, este não ficará muito agradado. Quando você tem uma conversa e está a tentar explicar o seu ponto de vista concerteza não parará a meio da frase sem chegar à sua conclusão, o mesmo se passa na música. Acabar uma música com a nota ou notas erradas é como acabar uma conversa sem acabar o que estava a dizer, e isso pode levar os seus ouvintes a ficarem desconfortáveis. Algum público adora ouvir música que confunda as suas expectativas, e este pode ser o público a que você quer chegar. Iremos ver três tipos de candência:
 
-Cadência Autêntica;
-Cadência Plagal;
-Cadência Deceptiva/Interrompida;

 

Cadencia Autêntica

As cadências autênticas são as cadências com um som mais óbvio e também consideradas as mais fortes. Na cadência autêntica o objetivo harmônico da frase é o acorde (V ou v). A cadência ocorre quando nos movemos do V/v acorde para o I/i acorde:
Cadência Autêntica
 
Na cadência autêntica acontece o que vimos na aula anterior. O acorde dominante cria a tensão e esta tensão é resolvida no acorde I, o acorde mais estável da escala.

Cadência Plagal

Na cadência plagal o nosso objetivo harmônico é chegar ao IV acorde da escala, sendo este o acorde que utilizamos para criar tensão, sendo que a cadência ocorre quando o IV acorde se move para o acorde I. As progressões IV-I, iv-i, iv-I e IV-i são todas possibilidades. A estrutura plagal tem origem na música de igreja da época medieval, que consistia maioritariamente em música vocal e é comumente referida como cadência Amen. Se estiver familiarizado com os cantos gregorianos, então já ouviu a cadência plagal em ação.
As Cadências plagais são normalmente utilizadas para terminar frases musicais e não para terminar uma música, como o IV acorde não cria a mesma tensão do acorde V esta cadência não tem um som tão conclusivo como a cadência autêntica.
Cadencia plagal


Cadência Deceptiva

A cadência deceptiva, essencialmente atinge o ponto máximo de tensão no acorde V/v, assim como a cadência autêntica, mas resolve-se noutro acorde que não a tônica (I/i) - daí o nome deceptiva ou interrompida. A cadência deceptiva mais utilizada é mover o V/v acorde para o VI/vi. A frase parece que se vai para o acorde I ficando resolvida mas em vez disso vamos para o sexto acorde da escala:
Cadencia deceptiva

As cadências deceptivas são boas para utilizar quando quer enganar a audiência.

Duplos sustenidos, duplos bemóis e enarmônicos

 
Como já sabe o símbolo sustenido (#) aumenta a nota em um semitom. Se tivermos um # na pauta musical na nota Ré então tocamos Ré sustenido. Um duplo sustenido aumenta uma nota em dois semitons. O símbolo de duplo sustenido é o seguinte:
Duplo sustenido
Esta nota é um Sol com um duplo sustenido:
Duplo sustenido
Neste caso a nota que deveríamos tocar seriam dois sustenidos acima de Sol, ou seja, temos Sol, Sol# e Fá. Então no seu instrumento apertaria a nota Fá.

Duplos bemóis

Da mesma forma o duplo bemol diminui dois semitons à nota atual. Não existe um símbolo especial para o duplo bemol, apenas escrevemos dois sinais de bemol (bb). Neste exemplo temos Mi com duplo bemol:
Duplo bemol

Porquê utilizar duplos bemóis ou duplos sustenidos?

Os duplos sustenidos são muito comuns. Precisamos deles quando escrevemos música em tons menores, quando esses tons têm muitos sustenidos. Os duplos bemóis são muito menos comuns - Normalmente são utilizados quando uma música é modulada (processo de mudar a tonalidade da música).

Enarmônicos equivalentes

Enarmônicos equivalentes é um nome estranho mas o significado é muito simples. Vamos ver um exemplo, pense na nota Fá sustenido. Sabemos que um Fá sustenido é um semitom acima da nota Fá natural. Mas também sabemos que é um semitom abaixo de Sol natural, então podemos chamar esta nota de Sol bemol também. Enarmônicos equivalentes são simplesmente notas que na prática têm o mesmo som mas podem ser chamadas de formas diferentes.

Compasso composto

 
Para assistir a esta aula deve conhecer já os conceitos dados na aula Fórmulas de compasso.

Simples e composto

Até aqui apenas vimos fórmulas de compasso simples. Uma fórmula de compasso simples é uma fórmula de compasso em que:
-Cada tempo é dividido em dois.
-Cada tempo não é uma nota pontuada.
-O número de cima da fórmula de compasso é 1, 3 ou 4.
-O número de baixo indica a nota utilizada para descrever o valor de uma batida.
Por exemplo, no tempo 4/4 uma semínima vale um tempo. Se quisermos dividir a semínima dividimo-la em duas colcheias:
Compasso simples
Num compasso 2/2 a mínima vale um tempo, podemos dividi-la em 2 semínimas:
Compasso simples
Já na fórmula de compasso composta:
-Cada tempo é dividido em três.
-Cada tempo vale sempre uma nota pontuada.
-O número de cima é 6, 9 ou 12.
-O número de baixo mostra a divisão de cada tempo, não o valor.
Exemplos de tempos compostos são:
6/8 - o número de baixo dizn-nos para contarmos colcheias, o número de cima indica-nos que devem ser 6 por compasso. Cada tempo não é uma colcheia - cada tempo é dividido em três colcheias. Três colcheias = uma semínima pontuada.
Compasso composto
9/8 - Nove colcheias por compasso. Semínima pontuada, dividida em três colcheias:
Compasso composto



 
 
 
 
 
 
 

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